Uma parte, ainda que pequena, do acervo histórico da Biblioteca Nacional já foi recuperada. O procurador Carlos Alberto Aguiar informou ontem que 31 das 751 fotos furtadas já estão sob análise do Ministério Público Federal e da Polícia Federal.
As fotos, incluindo duas de Marc Ferrez (1843-1923) entregues recentemente, estavam nas mãos de colecionadores. "Aparentemente, esses colecionadores obtiveram as fotos de boa-fé. O importante é, por meio deles, chegarmos a quem subtraiu as obras", afirmou Aguiar.
Segundo o procurador, o Ministério Público e a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da Polícia Federal trabalham com "diversos suspeitos", mas preferem não divulgar nomes para que as investigações não sejam prejudicadas.
"Pode ser que tenha havido a participação de pessoas da biblioteca, mas afirmar isso agora seria leviandade. Não há nos autos nada que confirme ou negue essa hipótese", disse Aguiar.
Na última quarta, caiu o segredo de Justiça que envolvia o inquérito, aberto em julho quando funcionários do setor de iconografia, ao retornar de uma greve de cem dias, detectaram o sumiço de pelo menos 150 fotos.
A lista de obras furtadas divulgada na mesma quarta-feira pela direção da biblioteca apontou 751 fotos, 56 desenhos, 22 gravuras e uma coleção de 120 estampas desaparecidas, formando um conjunto de 949 peças. O inventário das gravuras, porém, ainda não foi concluído.
"Não há como estipular prazos, mas estamos no caminho certo e vamos chegar aos autores [do crime]. Só não é possível afirmar que todo o material furtado será recuperado", disse Aguiar.
A direção da biblioteca avalia em cerca de R$ 7,5 milhões o valor do conjunto furtado. Só as fotografias valem R$ 6,8 milhões. São 557 do século 19, de fotógrafos importantes como o brasileiro Ferrez, o inglês Benjamin Mulock e os alemães August Stahl, Albert Frisch e Guilherme Liebenau, e 194 do século 20.
O cálculo foi feito "com base em catálogos de leilões, sítios da internet, avaliações constantes de processos de empréstimos e/ou a partir de critérios de analogia".
Os 56 desenhos ausentes valem R$ 615.728, de acordo com a estimativa. E as 22 gravuras, R$ 97.180. Já a coleção de 120 estampas do sabonete Eucalol foi avaliada em R$ 2.712.
Segundo a presidente interina da biblioteca, Maria Izabel Mota, não há dúvidas de que os ladrões sabiam o que estavam levando, já que os objetos levados têm valor no mercado internacional, mesmo que sejam negociadas clandestinamente.
Fonte: Folha de S. Paulo
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