terça-feira, 4 de setembro de 2012

Professor de Ilha Solteira leva prêmio de geotécnica

Projeto corrige desestabilização em terreno de obra em Barueri (SP)

A Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (Feis) ganhou um reforço em uma das áreas da geotécnica mais promissoras no Brasil – a de geossintéticos. A unidade contratou recentemente Fagner Alexandre Nunes de França, um especialista no tema que foi premiado em 29 de junho por uma das principais instituições da área, a Associação Brasileira de Geossintéticos (IGS Brasil). 

Geossintéticos são polímeros usados na construção civil para adequar o solo antes da instalação de obras, sobretudo empreendimentos de grande porte, como aeroportos, estradas, estádios, estações de trem, portos, etc. Segundo a IGS Brasil, o país será um dos principais utilizadores desses meios por conta das obras de infraestrutura já iniciadas e previstas, como a expansão do metrô em diversas cidades. A associação alerta ainda para a necessidade de investimento em pesquisa para o setor, não apenas para encontrar novas aplicações para os materiais, mas para certificar e padronizar o emprego desses mecanismos.

O trabalho de França, que conquistou o segundo lugar do 1º Concurso IGS Brasil de Casos de Obras, apresentou uma solução para reconstituir uma talude (plano inclinado que garante a estabilidade do terreno), que havia se rompido na divisa entre uma obra em Barueri e o terreno da escola municipal “Prefeito Nestor de Camargo”. O projeto, intitulado Emprego de geossintéticos para recomposição de talude com recuperação da geometria original e uso de solo local, foi realizado em parceria com o engenheiro Vinícius Rocha Gomes Pereira, da empresa Geosoluções, responsável pelo empreendimento. 

Do luxo ao lixo
Um dos tipos de geossintéticos mais empregados é o de reforço, que promove um melhoramento das propriedades mecânicas do solo. Entre as matérias-primas com esses predicados estão tecidos e grelhas. Esse tipo de intervenção é fundamental para estruturas que receberão peso, como shoppings e edifícios em geral. 

Outra técnica muito utilizada é a impermeabilização, que como o próprio nome já diz, impede infiltrações no solo, ideal para lagoas de estabilização e até mesmo em biodigestores. Um dos materiais mais usados com esse fim são as geomembranas de polietileno em diferentes texturas. 

Já em estádios de futebol, precisam ser empregados geossintéticos de filtração e drenagem logo abaixo da grama, que permitem a passagem de fluidos contendo partículas do solo, conduzindo esse fluido apropriadamente. Há ainda geossintéticos de controle de erosão superficial, de separação, que evitam a mistura de elementos terrosos, e ainda de proteção, que pode se dedicar a proteger o solo ou outros materiais empregados no solo.

“Algumas obras apresentam vários deles ao mesmo tempo, como os aterros sanitários, onde temos materiais para impermeabilização, separação, filtração, drenagem, proteção e até reforço, em alguns casos”, explica o pesquisador, que está desenvolvendo em Ilha Solteira um projeto nessa área com sete alunos de graduação.
França, que deve participar em setembro do 5th European Geosynthetics Congress, na cidade de Valencia, na Espanha, classifica como promissor esse campo de estudo. “Os geossintéticos já revolucionaram a geotecnia e ainda prometem muito mais. Depende de nós, pesquisadores, investigar e expandir esse potencial”, afirma. 

Fonte: Unesp

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