Projeto corrige desestabilização em terreno de obra em Barueri (SP)
A Faculdade de
Engenharia de Ilha Solteira (Feis) ganhou um reforço em uma das áreas da
geotécnica mais promissoras no Brasil – a de geossintéticos. A unidade
contratou recentemente Fagner Alexandre Nunes de França, um especialista
no tema que foi premiado em 29 de junho por uma das principais
instituições da área, a Associação Brasileira de Geossintéticos (IGS
Brasil).
Geossintéticos são polímeros usados na construção
civil para adequar o solo antes da instalação de obras, sobretudo
empreendimentos de grande porte, como aeroportos, estradas, estádios,
estações de trem, portos, etc. Segundo a IGS Brasil, o país será um dos
principais utilizadores desses meios por conta das obras de
infraestrutura já iniciadas e previstas, como a expansão do metrô em
diversas cidades. A associação alerta ainda para a necessidade de
investimento em pesquisa para o setor, não apenas para encontrar novas
aplicações para os materiais, mas para certificar e padronizar o emprego
desses mecanismos.
O trabalho de França, que conquistou o segundo lugar
do 1º Concurso IGS Brasil de Casos de Obras, apresentou uma solução para
reconstituir uma talude (plano inclinado que garante a estabilidade do
terreno), que havia se rompido na divisa entre uma obra em Barueri e o
terreno da escola municipal “Prefeito Nestor de Camargo”. O projeto,
intitulado Emprego de geossintéticos para recomposição de talude com
recuperação da geometria original e uso de solo local, foi realizado em
parceria com o engenheiro Vinícius Rocha Gomes Pereira, da empresa
Geosoluções, responsável pelo empreendimento.
Do luxo ao lixo
Um dos tipos de geossintéticos mais empregados é o de
reforço, que promove um melhoramento das propriedades mecânicas do solo.
Entre as matérias-primas com esses predicados estão tecidos e grelhas.
Esse tipo de intervenção é fundamental para estruturas que receberão
peso, como shoppings e edifícios em geral.
Outra técnica muito utilizada é a impermeabilização,
que como o próprio nome já diz, impede infiltrações no solo, ideal para
lagoas de estabilização e até mesmo em biodigestores. Um dos materiais
mais usados com esse fim são as geomembranas de polietileno em
diferentes texturas.
Já em estádios de futebol, precisam ser empregados
geossintéticos de filtração e drenagem logo abaixo da grama, que
permitem a passagem de fluidos contendo partículas do solo, conduzindo
esse fluido apropriadamente. Há ainda geossintéticos de controle de
erosão superficial, de separação, que evitam a mistura de elementos
terrosos, e ainda de proteção, que pode se dedicar a proteger o solo ou
outros materiais empregados no solo.
“Algumas obras apresentam vários deles ao mesmo
tempo, como os aterros sanitários, onde temos materiais para
impermeabilização, separação, filtração, drenagem, proteção e até
reforço, em alguns casos”, explica o pesquisador, que está desenvolvendo
em Ilha Solteira um projeto nessa área com sete alunos de graduação.
França, que deve participar em setembro do 5th
European Geosynthetics Congress, na cidade de Valencia, na Espanha,
classifica como promissor esse campo de estudo. “Os geossintéticos já
revolucionaram a geotecnia e ainda prometem muito mais. Depende de nós,
pesquisadores, investigar e expandir esse potencial”, afirma.
Fonte: Unesp
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